Os reformadores empresariais estão inebriados com as possibilidades requentadas pelas novas ondas de tecnologia da educação. As miçangas tecnológicas deste “neotecnicismo digital” são alardeadas como a grande solução para os problemas educacionais – quanto mais tecnologia melhor: vídeos, textos eletrônicos, plataformas de ensino, tutores, avaliação embarcada em plataformas, big data, redes sociais, e o que mais se puder inventar e conectar – seja presencialmente, seja à distância – tudo junto e combinado sob a égide da bases nacionais curriculares. A nova onda quer integrar escola e casa, controlar e enxergar tudo.
Thomas Ultican aborda a questão em um post que procura analisar a nova onda. Para ele, nem toda tecnologia educacional é negativa, “mas é importante lembrar que as empresas privadas estão nisso pelo dinheiro” e “todos que estão no negócio sabem que o verdadeiro ouro da tecnologia educacional vem da mineração de dados”.
Portanto, os dados privados de nossos estudantes e professores estão em risco – entre as muitas consequências indesejáveis deste novo assédio.
Leia post aqui.
Em um post no Blog da London School of Economics and Political Science no Departamento de Mídia e Comunicações, Velislava Hillman argumenta que “é essencial considerar as implicações do uso crescente da tecnologia nas escolas, juntamente com as motivações das empresas de tecnologia educacional”.
Ela adverte que é quase impossível entrar em uma escola e não ser registrado por uma tecnologia digital:
“Câmeras conectam as instalações; o trabalho de casa é concluído usando o aplicativo de software de uma empresa (por exemplo, Microsoft Word) que pode ser incorporado na plataforma de outra empresa (compartilhado via Google); e-mails, idas ao banheiro, avaliações, antecedentes parentais – todos alimentam sistemas digitais que são pertencentes, gerenciados, usados e reaproveitados por centenas de milhares de mãos invisíveis dos negócios.”
Leia o post aqui.
Para ela, os negócios com tecnologia educacional “criam narrativas poderosas de que seus produtos resolverão os problemas da educação”, mas eles “reimaginam a educação através do prisma de seus produtos” e, podemos agregar, de seus acionistas.
Ministério Público, legisladores, pais, professores e estudantes precisam organizar-se para colocar limites neste “neotecnicismo digital”.