Postado originalmente na Uol em 6/12/2010
Segundo estudos divulgados neste último mês, há um verdadeiro tisunami de pessoas se movimentando em direção ao topo do sistema. Claro que o pessoal do andar de cima não está parado e deve avançar também, mantendo portanto as distâncias relativas entre as classes.
Mas o fato é que 5.9 milhões de pessoas devem atravesar os limites atuais da classe B, tomando por base o ano de 2009. Este grupo ganha entre 4.807 e 10.375 reais.
Mas também teremos mais 3 milhões de pessoas saindo da classe D em direção à C. O crescimento econômico tem levado a esta movimentação.
Mas o mais importante, para nós, é que o perfil de consumo da classe B e C tende a mudar e gastos com educação, entre outros, vão aumentar.
Ou seja, a demanda por educação vai aumentar.
Este tisuname começou lá no governo FHC quando atingiu-se a incorporação na educação fundamental de mais de 97% das crianças em idade escolar. Agora é reforçado durante o governo Lula pelo crescimento econômico que justamente tem por base, a incorporação ao consumo das classes mais populares.
Com o pouco investimento em educação nos últimos 20 anos, o setor público não tem como dar conta, sozinho, desta demanda se for exigido não só incorporação mas incorporação com qualidade. Portanto, a indústria educacional se constituirá com um promissor setor de investimentos, chamando a atenção de grandes corporações internacionais que operam no campo da educação.
A disputa não para aí. Não se trata é claro de abocanhar somente o crescimento devido ao trânsito entre classes. As corporações vão querer tudo. Vão querer mercantilizar os serviços educacionais em geral.
Neste quadro, o futuro governo Dilma e o próprio Congresso serão pressionados a votar leis que flexibilizem a atuação da indústria educacional e que conduzam à privatização do ensino.
Nos Estados Unidos isso ocorreu via uma lei de responsabilização dos Estados pela educação (No Child Left Behind) que consolidou a privataria educacional naquele país. O resultado disso, foi a destruição do sistema público de educação.
Este é o grande desafio que o Brasil irá enfrentar nos próximos anos.