Alunos de uma escola estadual em São Paulo denunciaram que não puderam entrar no dia da prova do SARESP com a alegação de que haviam faltado demais durante o ano.
“Eles alegaram que funcionários da escola barraram um grupo de até 20 estudantes no portão do colégio em um dos dias da prova, tanto no período da manhã quando da noite, em novembro do ano passado, com o argumento de que haviam “faltado demais” às aulas. A evolução no desempenho dos estudantes na avaliação pode render bônus de até 2,9 salários a todos os funcionários da escola”.
Veja mais detalhes aqui.
Como já advertia Campbell em 1976:
“Quanto mais qualquer indicador social quantitativo é utilizado para tomada de decisão social, mais sujeito ele fica a pressões por corrupção e mais apto estará a distorcer e corromper os processos sociais que ele pretende monitorar.” Campbell, Donald T., Assessing the Impact of Planned Social Change The Public Affairs Center, Dartmouth College, Hanover New Hampshire, USA. December, 1976.)
Em nota a Secretaria de Educação afirmou que não houve registro de irregularidade e que na 3a. série do ensino médio desta escola o número de alunos que participaram do SARESP aumentou em relação ao último ano anterior de 79% para 85%.
Se você conversar com um reformador empresarial ele citará uma série de análises e contas estatísticas que mostrará que isso não comprometeu os resultados da avaliação da escola. Mas certamente não poderá ocultar os efeitos das atitudes desta escola sobre a formação dos seus estudantes. O que estamos ensinando aos nossos estudantes? Além da fraude em si, se comprovada, a impunidade pela fraude.
A política de bônus que já não deu certo em outros países é insistentemente copiada pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo sem resultados, e agora pretende ser copiada pelo próprio MEC.
Professor Luiz Carlos, essa denúncia é publicada, pela relevância de seu nome, inclusive, Bibliografia de Concurso. No entanto, nós que pisamos o chão nosso de cada dia, dentro da escola pública já fizemos reclamações de fraudes bem piores; em 2011 denunciamos ao Ministério Público e também na SEE e de nada adiantou. Existem fraudes bem piores do que essa. Um abraço
Ola Nísia. Quanto fizer denuncias, envie para divulgação neste blog, no momento que julgar oportuno. Temos uma seção sobre fraudes.
De fato, as fraudes são muito antigas. Em 1998, uma dissertação de mestrado na PUC/SP já denunciava a fragilidade da segurança do teste e as fraudes costumeiras no nível da escola/professores. ESTEVES, Maria Eunice. Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo – SARESP: uma ação planejada. Dissertação de Mestrado. São Paulo, Pontifícia Universidade Católica, 1998. Providências? Nenhuma! Se é para melhorar o índice, vistas grossas!