SP: Estadão abriu a caixa preta da reorganização

Valendo-se da lei de acesso a informação, o jornal o Estado de São Paulo obrigou a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo a permitir acesso ao estudo que orientou a reestruturação das escolas paulistas. É vergonhoso que um dado que deveria ser público, tenha que ser obtido desta forma.

Mas há razão para que este estudo tenha sido ocultado. Ele não resiste à menor crítica como atestam os que tiveram acesso ao documento obtido pelo Estadão:

“O estudo apresenta uma correlação que não existe. Colocam como única variável a escola ter ciclo único ou não, mas não isolam outros fatores, como o tamanho da escola” diz a diretora executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz. “O estudo não é apropriado para a secretaria dizer que faz a reestruturação com base nele”.

Para Ocimar Alvarse, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, o levantamento desconsiderou o número de alunos por escola e o índice socioeconômico. “Em educação não há uma variável que explique tudo. Tudo indica que são outros interesses. Uma racionalização no sentido de se ter menos professores. Estão fechando escolas acima da média, que têm só um ciclo. A proposição da secretaria é muito frágil.”

O estudo que embasou a Secretaria como se vê é falho. Segundo o Estadão o documento tem 19 páginas e traz dados já divulgados, apontando que as escolas de ciclo único têm desempenho 9,4% acima da média no IDESP, índice paulista ligado ao SARESP.

Com três Universidades Estaduais públicas financiadas pelo próprio Estado de São Paulo, a Secretaria de Educação prefere fazer política pública sem evidência empírica baseada em estudos simplistas provavelmente produzidos por consultorias privadas.

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About Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
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6 Responses to SP: Estadão abriu a caixa preta da reorganização

  1. Avatar de Jean Jean disse:

    Professor, Luiz

    Está mais do que claro a nós educadores que algo está errado. Precisamos combater isso. O que podemos fazer? Me ajude. Outro dia, vi um taxista tendo que pagar pedágio no Rio de Janeiro a outros taxistas clandestinos que esperavam passageiros ao final de expediente numa boate. como se o ponto fosse só deles, e o sujeito novato, não pode ganhar o pão dele e sobreviver.Na rede municipal de São Paulo há professores novos levando penalidade de repreensão de diretores mal intencionados que não gostam de ser contrariados e, detalhe, não podem reclamar, pois há uma máfia entre diretores, supervisores, e diretores regionais que num conluio impressionante se protegem com manobras sórdidas nas quais, eles oferecem aos professores antigos e sem formação cargos de assistente de direção, salas de leitura, salas de informática, entre outros, e mais um detalhe, todos eles, em troca de cargos, participam do conselho da escola e aprova tudo o que os diretores querem. Isso na rede municipal de São Paulo, Será que quem contraria essa corja que fez da educação um negócio para se perpetuar nos cargos sem concursos públicos terá de pagar pedágio também para poder sobreviver nos cargos como professores? Há diversas vitimas desse conluio. Portanto, não me surpreende essa manobra estadual em fechar escolar, pois são todos farinha do mesmo saco. Desculpe-me pois estou descrente na escola pública e nessas sábias pessoas que estão em cargos diretivos tanto na rede municipal quanto estadual de SP, ou seja, eles tem um comportamento muito violento com quem ousa atrapalhar seus negócios ligados a sobrevivência.
    Abraços.

  2. Avatar de Nisia Maria da Silva Neto Nisia Maria da Silva Neto disse:

    Professor Luiz Carlos, a SEE fala que vai existir apenas um ciclo, mas, aqui na região minha, a proposta é de que, várias escolas fiquem com mais de um ciclo. Na verdade, eles querem superlotar classes para diminuir gastos e tb uma maneira de forçar a existência de escola integral, que tb tem prejudicado professores e as atividades realizadas com alunos, envolve um pequeno número de alunos. Esta de índice mais elevado tb não comprovaram. Certo, o que vc fala: Unesp, Usp e Unicamp deveriam ter conduzido os estudos.

  3. Avatar de Luiz Fernando Luiz Fernando disse:

    Caro professor. Disponibilizamos hoje o documento completo, caso queira acessar. A reportagem foi atualizada no portal:
    http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,documento-indica-que-sp-usa-so-um-criterio-para-mudar-rede,10000002055

  4. Avatar de lucke Fort lucke Fort disse:

    Claro, baixar o custo. Educação é despesa, assim como saúde e segurança. Minimiza o estado mas, aumentam os impostos. Tem muita propina para pagar. Pobre população paulista. Vamos mudar para o Maranhão: lá estão pagando R$ 5.000,00 de salário para os professores.

  5. Avatar de Dimas Dimas disse:

    Mais uma vez, a desfaçatez de estado prepondera ao interesse público e ao bom senso! E precisamos ser expostos a truculência e incompetência governamental.

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