Produzindo “caos” para justificar reformas

O que não se pode obter sentado em um computador, aplicando fórmulas desconectadas do mundo real, em sistemas de simulação? Quase qualquer coisa. Eis mais um produto do Banco Mundial destinado a espalhar o “terror” e alimentar o discurso dos seus correligionários nos Ministérios da Educação de todo o mundo.

“Um relatório inédito do Banco Mundial estima que o Brasil vá demorar 260 anos para atingir o nível educacional de países desenvolvidos em Leitura e 75 anos em Matemática. Isso porque o País tem avançado, mas a passos muito lentos.”

Leia aqui.

Uma vez criado o “caos”, a matéria segue detalhando a receita da reforma empresarial como salvação das crianças brasileiras.

Leia também: O desastre como estratégia.

Sobre Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
Esse post foi publicado em Meritocracia, Pisa, Privatização, Responsabilização/accountability e marcado . Guardar link permanente.

2 respostas para Produzindo “caos” para justificar reformas

  1. ANTONIO JOSÉ LOPES disse:

    Postei ontem

    GATO NA TUBA OU IRRESPONSABILIDADE DESCARADA

    A manchete catastrófica do jornal da família mesquita, repercutida nos telejornais, é um atentado ao bom senso e faz dobradinha às manchetes de caos sobre o Carnaval do Rio de Janeiro.
    Tudo indica que um cabeça de planilha do Banco Mundial, que deve ter aprendido – se é que aprendeu – apenas o trivial básico sobre o coeficiente angular de uma função afim, resolveu fazer previsões para o ano 2278 (boa ideia para uma manchete), totalmente desprovidas de conhecimento científico e histórico por ingenuidade ou má fé.

    Sob qualquer análise o dado não faz sentido, de imediato me lembrei das teses de Malthus cujas previsões lá em 1798 não se configuraram, uma vez que outros fatores influenciaram tanto o crescimento populacional como a produção de alimentos. Mas hoje, com o que sabemos de ciência e tecnologia a previsão do dito cujo do Banco Mundial só pode estar a serviço de algum interesse. O que preocupa é o silencio e a falta de crítica dos jornalistas do setor, que reproduziram tais dados se eximindo de informar os modelos, métodos e a base de tais conclusões. Não tenho dúvidas que se trata de um balão de ensaio para algo que pode vir pela frente ou o suporte para discursos de futuras ações de gestores e outros intere$$ados neste mercado que envolve cerca de 3 milhões de professores e 50 milhões de alunos.

    E não basta que um articulista ou outro tente minimizar o dado dizendo que vale para chamar atenção para a situação da educação no país, como vi hoje num canal da rede, bem, todos sabem qual .., pois o que ficou foi a manchete. Tudo pronto e embalado para dizer que não é assim na rede privada, que a rede privada é que sabe ensinar, que a rede pública e os professores da rede pública são um estorvo.

  2. Cecilia Goulart disse:

    Um Banco Mundial terrorista! Que horror! Perfeita análise, Luiz Carlos. A criação do caos abrindo caminho para as reformas/deformas que já estão plantadas…

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