O economista Henry Levin publicou em 2017 um texto sobre a questão da “escolha da escola pelos pais” e os “vouchers” cujo título era: “Em todo o mundo, a escolha da escola não melhorou o desempenho”. Diane Ravitch nos lembra deste texto em seu blog.
Nele o autor alerta que os pais já têm uma grande influência sobre seus filhos e a retirada destes da escola pública, colocando-os em escolas privadas segregadas, os privará de experiências compartilhadas com outros estudantes e que são fundamentais para os valores da democracia. Por outro caminho, o autor alerta que o que está em jogo nesta política educacional segregacionista é a própria democracia.
Para Levin:
“Em todo o mundo, o crescente populismo e as políticas de identidade estão levando ao aumento da demanda das famílias por tipos específicos de escolas que espelhem suas ideologias. Em alguns países, isso levou à substituição do sistema escolar público por “vouchers” do governo que podem ser usados para pagar as escolas particulares.”
O argumento para tal é o mesmo proposto pelo neoliberal Milton Freedman em 1955, ou seja, que a instalação de competição entre as escolas conduzirá a um melhor desempenho dos estudantes nas escolas, além de permitir que os pais escolham a escola segundo a preferência educacional que tenham.
Segundo o autor, 80% dos estudantes matriculados em escolas particulares nos Estados Unidos estão em instituições religiosas “que refletem as crenças familiares, mas não necessariamente os valores de uma democracia”. Diz o autor:
“Alguns argumentaram que incentivos competitivos induzidos pela escolha da escola levarão a melhores resultados educacionais. No entanto, há poucas evidências para apoiar essa afirmação.”
Mas, o destaque mais importante do autor é que:
“A universalização da escolha da escola irá minar uma experiência compartilhada e exacerbar ainda mais o conflito e a divisão social.”
Leia a íntegra aqui.
No Brasil, a era dos vouchers na educação básica está para ser iniciada com Bolsonaro e seu ministro da Economia Paulo Guedes. No ministério da Família, Damares advoga pelo homeschooling que quer segregar as crianças em suas casas e vai puxar políticas de voucher. Enquanto isso, uma manobra diversionista do MEC, destinada apenas a desativar críticas, diz que o homeschooling será apenas complementar à escola e não em sua substituição. No entanto, se fosse isso, não seria necessário nenhuma MP. Enquanto o MEC abafa e, como sempre, evita a discussão, a ministra Damares dá de ombros (ao MEC e às pesquisas) e diz que vai enviar sua MP diretamente ao Congresso.