O PT da Bahia, traindo a agenda da educação pública, vai “publicizar” parte da administração das suas escolas públicas. Publicizar é uma desculpa para a “privatização envergonhada ou matreira”. O termo publicizar foi criado no âmbito da reforma do Estado que Bresser Pereira organizou para o governo de Fernando Henrique Cardoso nos anos 90, durante a primeira onda neoliberal, e destinava-se a diferenciar entre “publicizar” e “privatizar”.
Para evitar ser carimbado de privatista, os governos oportunistas usam este expediente e criam uma diferenciação abstrata entre publicizar e privatizar. Privatização existiria só quando se vende o empreendimento, por exemplo, a venda de empresas estatais. No caso da educação, estradas, hospitais, segurança, como não há venda propriamente dita, eles consideram que estão “concedendo à iniciativa privada” apenas a administração e não privatizando. Para amenizar ainda mais o impacto, as concessões começam, na educação, pela área administrativa – excluída a parte pedagógica. Depois se generalizam.
Contudo, não existe “meia privatização”. Primeiro, com ou sem venda, é a iniciativa privada que passa a controlar o que é feito na escola e a gestão é de orientação privada; segundo, não importa se é a escola inteira ou meia escola, envolvendo apenas a área administrativa. Privado não é público e vice-versa, não importa o que se diga.
Leia matéria anterior aqui.
Da mesma forma, não importa se é uma organização social com fins lucrativos ou sem fins lucrativos. Todas estas formas de explicação são, na verdade, maneiras de ocultar o início da implantação do controle privado sobre o público.
Baixe aqui a Portaria do governo da Bahia.
Baixe aqui o Projeto de Publicização.
São estas traições que vão criando o desalento nas bases políticas e abrindo caminho para a aliança neoliberal/conservadora.
E não é de hoje que o governador Rui Costa abre ofensiva contra a Educação Pública, pois o fechamento de escolas e medidas de austeridade e descaso para com os professores levaram a Bahia a uma posição vexatória nos índices do IDEB – Ensino Médio. E a militarização das escolas segue plena no estado: já são quase 60 escolas que buscaram parceria com a PM sob o Sistema de Ensino dos Colégios da Polícia Militar (SECPM), implantado ano passado.
Esse processo privatista da educação básica do governo do estado da Bahia é parte de uma política educacional que engloba um acordo entre o governo do estado, o comando da Polícia Militar e as prefeituras baianas, que já transferiram para a PM mais de 60 escolas municipais para serem geridas nos moldes das escolas militares.
Parabéns pela análise, Luiz Carlos de Freitas! Somos professores da rede estadual de educação da Bahia e não temos a quem recorrer! A Sindicato até agora apenas informou em uma matéria jornalistica que vai buscar informações sobre a proposta do governo, mas não mobiliza a categoria quanto aos perigos desta proposta! Como vc mesmo disse, “Publicizar é uma desculpa para a “privatização envergonhada ou matreira”! Sigamos adiante!
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