Bônus: Rio de Janeiro resiste

O Rio de Janeiro resiste à política de meritocracia e já tem lugar assegurado entre os sistemas que iniciam uma luta clara e direta contra esta insanidade destinada a destruir o sistema público de ensino e criar condições para sua privatização.

Os bônus são testados há mais de 100 anos. Nunca morrem e nunca funcionam. Mas a mídia quer fazer parecer que dão certo. É uma fala ideológica que esconde os dados em afirmações vazias e sem fundamentação. O jornal O Globo no Rio de Janeiro, de costas para os dados, diz:

“Em sistemas nos quais a meritocracia (cumprimento de metas como um dos critérios para conquistas salariais) foi adotada os resultados são visíveis. Escolas de Minas, Pernambuco e mesmo do município do Rio apresentaram mudanças positivas na qualidade do ensino — em paralelo com o aumento dos ganhos salariais de seus professores. Em Washington, ações similares estão diretamente relacionadas à descoberta de grupos de excelência nas salas de aula.”

Leia aqui.

Como sempre a mídia foge do debate e desqualifica o problema apelando para corporativismo. Ocorre que se escondem na linguagem jornalística que neste país autoriza tudo e não dizem quais são os estudos que provam suas teses.

Não há estudos sobre Minas, Pernambuco e Rio de Janeiro que mostrem consistentemente que os bônus fizeram diferença. Em sintonia com isso, Nova Yorque paralisou o pagamento de bônus porque na fala do Prefeito Bloomberg, um defensor de bônus, ele não queria continuar jogando dinheiro fora. Washington, administrado anteriormente por Michelle Rhee é algo de denúncias de fraude e elas só não prosperam porque a ex-Secretária é permanentemente blindada pelos contatos que tem e pela mídia. Beverly Hall foi demitida e está sendo processada depois de fraudes em mais de 50 escolas. Onde está a eficiência dos bônus?

O Estado de São Paulo utiliza bônus há muitos anos, está boa a educação por aqui? Estamos avançando?

O texto do Globo escolhe cidades para citar. Não fala nada de São Paulo e nem de Nova Yorque onde a política de bônus está empacada ou foi paralisada.

Este blog em seu link de pesquisas, logo ao lado, está repleto de estudos que mostram a falência desta e de outras ideias “milagrosas”. Não há ciência nisso. É fé, nada mais. E política pública não se faz com fé e sim com evidência empírica. Não é ético que Secretários de Educação experimentem ideias falidas e custosas com redes inteiras.

Usar testes de alunos para compor salários de professores é um dos pontos mais combatidos dentro dos Estados Unidos por estatísticos renomados. Veja aqui também. Os modelos estatísticos não têm estabilidade para dar conta disso. É considerado “junk science” ou seja “lixo acadêmico”.

Falta ao Sr. Risólia estudo e aqui vai um link pelo qual ele pode começar:

https://avaliacaoeducacional.com/2013/06/01/bonus-livro-para-economistas/

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About Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
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