INEP: ligações perigosas

Mariano Jabonero, Diretor de Educação da Fundação Santillana, participou do Seminário no INEP que discute a ampliação de testes no Brasil. A fundação é um braço da multinacional espanhola Prisa que atua na área da educação em 22 países. No Brasil, além da Editora Moderna, comercializa o Sistema UNO de Ensino e possui a empresa de avaliação AVALIA. O Seminário aparentemente foi preparado para promover a entrada do Brasil no Programa para Avaliação Internacional de Competências de Adultos (Piaac) da OCDE.

As ligações entre a política pública educacional, notoriamente na área da avaliação, e as empresas que operam neste ramo são uma forma de controle sobre as decisões dos governos. Nos Estados Unidos este é um mercado que gira perto de 1 trilhão de dólares.

Embora não tenha sido convidada para o Seminário do INEP, outra grande empresa da área da avaliação que está rondando o Brasil é a Pearson (Sistema de ensino COC, Pueri Domus, Don Bosco, Name). Nos Estados Unidos ela acaba de ganhar o contrato para fazer a avaliação do currículo nacional. Bill Gates explica (em inglês) porque é importante um currículo nacional para criar escala para o mercado. Leia aqui também (em inglês) comentários de Diane Ravitch.

Na visão de Gates, quando os testes estão alinhados com os standards nacionais eles movimentam poderosas forças de mercado para oferecer melhores serviços educacionais. Segundo ele pela primeira vez os Estados Unidos terá uma ampla base de clientes que poderão comprar produtos que ajudarão todos os alunos e os professores do país.

É assim, bem claro e direto. O mercado educacional é um dos principais impulsionadores do currículo nacional americano – e de toda a política de responsabilização educacional ampliada com Bush em 2001 e continuada por Obama.

Sobre Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
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