PISA 2015: vai começar

Os resultados do PISA começam a circular. Mas só serão oficialmente divulgados na próxima semana. Com eles, virão todas aquelas “análises” que você já conhece de outros carnavais. Mas a novidade agora é um estudo adicional da OCDE argumentando que se a educação básica fosse adequada para todos os nossos jovens de 15 anos, o nosso PIB poderia crescer 7 vezes. Será preciso ver qual é a mágica. Aguardemos os estudos.

Já se antecipa que:

“Os Estados Unidos tiveram um desempenho ruim e aparecem na 28ª posição, atrás, ironicamente, do Vietnã. Mas a OCDE mostrou preocupação especial com o que classifica como declínio da Suécia. Na semana passada, o órgão publicou críticas ao sistema educacional sueco depois de registrar uma queda nos resultados do Pisa entre 2000 e 2012.”

A matriz (USA) continua mal como se vê. Nada de novo nisso. Estão há 12 anos assim, na verdade desde que o PISA foi criado, mesmo depois de terem usado todas as mais variadas maldades contra a educação pública daquele país.

Sobre a Suécia, há algum tempo que ela vem questionando a privatização da educação ocorrida por lá (veja aqui e aqui).

As cinco melhores colocações ficaram para os “países asiáticos”, Cingapura, Hong Kong, Coreia do Sul, Japão e Taiwan, na sequência – diz a midia.

Bem, difícil considerar todas estas localidades como países: com boa vontade pode-se considerar país a Cingapura – um país composto de 63 ilhas, com cerca de 5 milhões de pessoas e apenas 2,91 milhões que nasceram no local. Hong Kong – é uma das duas regiões administrativas especiais da República Popular da China e que tem um dos maiores PIB per capita do mundo. Taiwan é também hoje uma região administrativa da China. De fato, sobram como países comparáveis, Coreia do Sul e Japão.

Adivinhe quem é o sexto! Finlândia.

Tirando as cidades da China que são apresentadas como comparáveis pelo PISA a países e o caso específico de Cingapura, sobram os dois países asiáticos comparáveis: Coreia do Sul e Japão. Assim, Finlândia é, de fato, a terceira da lista. Você pode escolher: sexto país colocado ou terceiro. Bem melhor que 28º. obtido pelos Estados Unidos.

Como já é sabido, Finlândia não tem avaliação censitária e nem pressão sobre a escola e seus professores. Nem usa as estratégias propostas pela SAE para a educação brasileira. Aposta na confiança das relações com seus profissionais da educação, salas com poucos alunos, paga bem – ou seja, tudo que os reformadores empresariais costumam dizer que não funciona para melhorar a educação.

Enquanto isso, as políticas públicas educacionais usadas nos Estados Unidos, 28º. colocado e atrás do Vietnã, servem de modelo para a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República planejar o Pátria Educadora. Estamos copiando os fracassos da educação americana.

Ah… me esqueci de dizer: Xangai, estrela em outros anos, de fato, abandonou o PISA:

“A notícia circulou em um jornal em Xangai em 7 de março, e relata que Xangai “está considerando a possibilidade de retirar-se da próxima rodada do PISA em 2015″, porque “Xangai não precisa das chamadas escolas número 1”, disse Yi Houqin, um funcionário de alto nível da Comissão de Educação de Xangai. “O que ela precisa são de escolas que seguem princípios educacionais adequados, respeitem os princípios do desenvolvimento físico e psicológico do aluno, e estabeleçam uma base sólida de “desenvolvimento que perdure ao longo da vida dos alunos”, diz o artigo, citando Yi .”

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About Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
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2 Responses to PISA 2015: vai começar

  1. Parabéns Xangai! As vezes surge um risco de bom senso, na corrida de nenhum lugar para lugar algum…

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