Mais um estudo mostra que a argumentação da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo para justificar a reorganização de escolas, não é real. Estudo que verifica o IDEB destas escolas revela que o ciclo único não aumenta a nota das escolas.
“Estudantes de escolas estaduais do Estado de São Paulo de ciclo único não têm notas maiores que aqueles de unidades mistas. Essa é a conclusão de uma análise realizada pelo economista Renan Pieri, coordenador acadêmico do Sinapse, uma consultoria de gestão educacional.
O melhor desempenho de alunos de escolas de ciclo único em relação a instituições mistas era o principal argumento para a reorganização escolar da rede estadual de São Paulo.”
Veja reportagem sobre o estudo aqui.
Indiferente às evidências, o Estado de São Paulo conduz uma “reorganização branca”:
“A rede estadual de ensino paulista deixou de abrir classes de 1.º e 6.º anos do ensino fundamental e 1.º ano do ensino médio, as chamadas “séries de entrada”, em 158 escolas neste ano. Em resposta ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), obtida com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo, as explicações vão de falta de demanda à ampliação do ensino médio diurno e municipalização, entre outros motivos.”
Veja aqui.
O sistema de ciclos se originou nas Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996 e tem como objetivo evitar que os alunos percam o contato com a turma em que estão inseridos a partir da repetência, garantindo a permanência e a possibilidade do aluno aprender e conseguir encontrar o sentido do ensino de uma determinada matéria nos anos seguintes, evitando assim a fragmentação do percurso escolar e assegurando uma continuidade do ensino.
Segundo Ocimar Munhoz “ . Particularmente, um desdobramento é a tentativa de superar práticas avaliativas somativas que reforçam a noção utilitarista do conhecimento ao atribuir às notas escolares um valor de troca associado a um valor de uso, distante muitas vezes do conhecimento, pois expressaria sucesso na carreira interna à escola – aprovação – e promessas de ascensão social. Esse quadro, em boa medida, explicaria a ausência de constrangimento em obter boas notas por meios facilitadores ou até “ilícitos”.
Desta forma é possível observar que o intuito do ciclo não é garantir boas notas aos alunos, mas possibilitar um ensino com uma maior chance de aprendizagem e evitar o fracasso escolar, assim como a evasão.
A reportagem citada em questão tenta ressaltar que a questão socioeconômica está diretamente ligada a questão da nota dos alunos, sendo assim , influência no ensino/ aprendizagem dos mesmos, ignorando a possibilidade ou não do acesso ao capital cultural.
“[…]os resultados dos alunos de escolas com ciclo único não superaram as notas dos alunos em escolas mistas no ensino fundamental. Em ambos os casos, o desempenho dos alunos de escolas de ciclo único fica abaixo
E se pode afirmar o contrário? É possível dizer que o ciclo misto nas escolas melhora o resultado dos alunos? Pieri faz questão de não entrar nessa linha de raciocínio uma vez que isso pode acontecer em algumas faixas de nível socioeconômico muito específicas”
Texto utilizado: A organização do ensino fundamental em
ciclos: algumas questões
Autor: Ocimar Munhoz Alavarse