USA: “é hora de enfrentar o fracasso da reforma”

Daniel Koretz é uma autoridade em matéria de avaliação nos Estados Unidos – nos conta Diane Ravitch. Professor de Harvard, ele escreveu dois livros importantes sobre testes:

Measuring Up: What Educational Testing Really Tells Us.

The Testing Charade: Pretending to Make Schools Better. 

Recentemente ele escreveu um artigo sobre o fracasso dos estudantes americanos tanto no PISA como em exames internos nos Estados Unidos. Para ele:

“O debate de rotina está em andamento sobre o quão ruim é essa notícia, mas esses argumentos geralmente perdem uma lição essencial: o movimento de reforma escolar dos EUA claramente falhou. É hora de enfrentar esse fracasso e pensar em novas abordagens para melhorar a educação.

Houve inúmeras reformas nas últimas duas décadas, mas no centro delas estão os esforços para pressionar os educadores a aumentar as notas nos testes. A ideia é enganosamente simples. Os testes medem coisas importantes que queremos que os alunos aprendam. Responsabilize os educadores por aumentar a pontuação e eles ensinarão mais as crianças. E, concentrando a responsabilização em grupos com baixa pontuação – na maioria das vezes, estabelecendo metas uniformes por meio de leis estaduais ou federais, como o No Child Left Behind ou Every Student Succeeds Act -, fecharemos as lacunas de desempenho. Infelizmente, esse conceito acabou sendo mais simplista do que simples, e não funcionou.”

Leia aqui.

Este movimento iniciado nos Estados Unidos na década de 80, junto com o advento do neoliberalismo, é o mesmo que influenciou outros países, entre eles a Austrália, que também tem problemas com o PISA, e mais recentemente o Brasil. Não devemos levar os resultados de testes tão a sério, mas, enfim, os reformadores empresariais gostam deles.

O fato é que não deveríamos esperar 25 anos para chegar à mesma conclusão que os americanos chegaram. Alinhar bases nacionais curriculares com testes e responsabilização baseada em testes (que conduz à privatização) é o que está na origem do fracasso americano.

Sobre Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
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2 respostas para USA: “é hora de enfrentar o fracasso da reforma”

  1. A Avaliação Educacional revela em que estágio a educação se encontra, ou se houve um processo de evolução, mas a avaliação não é só intitucional, ou educacional, mas também humana. Ao se avaliar um aluno ou uma Instituição estamos avaliando indiretamente os envolvidos como pais, professores, diretores, funcionários, etc. A nota obtida não se refere apenas ao aluno, mas também aos que estão diretamente relacionados a ele.

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