Camila Souza: Educação Básica em Disputa

Encontra-se disponível em Mercado das Letras o livro de Camila Azevedo Souza “Educação Básica em Disputa: o jogo dos empresários no mercado mundial do conhecimento no século XXI” (2021). O texto incorpora uma importante discussão sobre o neoliberalismo de terceira via e examina uma série de impactos nas políticas públicas.

“O espectro da mercantilização ronda a educação pública. No grande teatro mundial de operações mercantis, diversos atores estão em cena e despudoradamente disputam o lugar de protagonistas. Grandes grupos de mercadores de ensino, conglomerados financeiros, empresas big tech e escritórios internacionais de consultoria contracenam com atores já conhecidos como o Banco Mundial, a OCDE e a Unesco. No Brasil, por um lado, terraplanistas em cargos governamentais tentam destruir as instituições públicas de ciência, de cultura e de educação. Por outro lado, entidades burguesas disputam, já algum tempo, a direção política da educação pública brasileira. Eis que, no início do século XXI, chega um novo ator, com carreira internacional, em busca de um papel relevante nos palcos lusitano e brasileiro: McKinsey & Company. O livro de Camila Azevedo Souza nos conta a história desse novo antagonista da educação pública brasileira e também portuguesa, que vai buscando estabelecer parcerias aqui e lá com entidades que representam os interesses empresariais na educação junto à sociedade política e à sociedade civil, com um único propósito: valorizar o capital investido em educação. Leitura fundamental para todos os educadores que lutam contra o capital.”

Acesse aqui.

Sobre Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
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3 respostas para Camila Souza: Educação Básica em Disputa

  1. Thomas Morus disse:

    O espectro da mercantilização que ronda a educação pública é coisa preocupante e deve ser combatido. Mas temos que levar em conta que o sistema de ensino no Brasil é um dos piores do mundo e essa situação não ocorreu de uma hora para outra. Ela é o resultado de décadas de desídias governamentais, aliadas à cumplicidade, covardia ou omissão da grande maioria dos profissionais que atuam na área do ensino. Quem se insurgiu contra a retirada do latim dos curricula? Quem ergueu as lanças da indignação contra o ensino catastrófico da matemática, expressão usada pelo Marcelo Viana, diretor do IMPA? Quem se levantou contra as péssimas escolas de formação de professores, mais de oitenta por cento delas privadas, de péssima qualidade de ensino, o que levou professores iletrados a pontificarem em salas de aula?

    Todos foram coniventes, pois o relaxamento dos padrões, permitiu que muitos se tornassem profissionais de ensino quando, de outra forma, teriam que encarar a pia, a vassoura ou o fogão. Não exagero, pois foi exatamente isso que uma coordenadora de escola de ensino fundamental de grotão nordestino me disse sobre as professoras que com ela trabalhavam.

    Há três décadas, num concursos para o magistério estadual, no Rio de Janeiro, oitenta por cento dos candidatos tiraram zero na prova de português. Entre os candidatos ao ensino da língua portuguesa, o percentual de zeros foi de noventa por cento. O que fez o governo? Destituiu a banca examinadora, nomeou outra, e quase todos foram aprovados, nomeados e passaram a dar aulas.

    Em suma, o sistema de ensino virou um feudo de mediocridades. Entre os que escaparam à triste sina da mediocridade, pecaram pela omissão, pois estiveram o tempo todo olhando para o próprio umbigo, na ânsia sôfrega de amealhar bens, conquistar título, cargos, títulos, posições e honrarias.

    O bolsonarismo é muito maior do que o Bolsonaro, que é uma espécie de síntese de muitas misérias brasileiras. Os eleitores do Bolsonaro, os terraplanistas, o próprio Bolsonaro e os seus filhos, a sua troupe, são todos produtos dessa miséria cultural brasileira, da doença sexual das massas, contexto do qual as escolas são parte integrante e das mais significativas. Em que escolas eles estudaram? Como eram os seus ambientes familiares?

    Não tem esse pessoal razão para reclamar. Acostuma-te à lama que te espera.

  2. Márcio Paulo de Oliveira disse:

    Bom dia!

    Sou professor da educação básica da rede estadual de Minas Gerais em Belo Horizonte. Acompanho suas análises através dos posts de AVALIAÇÃO EDUCACIONAL com interesse no tema das políticas educacionais e as epistemologias da avaliação educacional. Será que há alternativa para construção de perspectivas avaliativas emancipatórias? Em que princípios se ancoram as práticas avaliativas de controle ? Como realizar uma meta-avaliação de um sistema educacional?

    Essas são algumas questões que tenho encontrado e refletido para entender a dinâmica das políticas educacionais no chão da escola. É possível viabilizar uma política de avaliação externa de controle com uma avaliação institucional emancipatória?

    Professor Freitas, você poderia me indicar um caminho para essas questões?

    Desde já agradeço a atenção e desejo vida longa para o Blog do Freitas.

    Livre de vírus. http://www.avast.com .

    Em sex., 12 de nov. de 2021 às 08:36, AVALIAÇÃO EDUCACIONAL – Blog do

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