USA: relatório mostra que cresce rejeição a políticas de teste-e-punição

Para animar a galera, aí vai um relatório que acaba de ser divulgado resumindo os ganhos dos movimentos contra as políticas dos reformadores empresariais nos Estados Unidos. Já são 500 mil famílias que em todo o país retiraram seus filhos dos testes de avaliação de larga escala excessivos, acoplados a políticas de alto impacto que punem professores e estudantes. Vários estados já recusam exames de terminalidade, do tipo ENEM, como obrigatórios ao final do ensino médio, na contramão do que foi introduzido no nosso Plano Nacional de Educação.

A seguir você encontra o resumo executivo do relatório e ao final você pode ter acesso ao relatório completo se desejar. O relatório foi feito por  Lisa Guisbond com Monty Neill e Bob Schaeffer.

Vitórias da Reforma da Avaliação em 2015 – resumo

“A crescente força e sofisticação do movimento de reforma e resistência aos testes nos Estados Unidos começa a virar a maré na direção contrária ao uso excessivo e indevido de exames padronizados durante o ano escolar de 2014-2015. Os reformadores da avaliação tiveram vitórias significativas em muitos Estados, graças a uma intensa pressão trazida por ondas sem precedentes de retiradas de alunos dos testes (opting out) e outras formas de ação política. Até mesmo o presidente Obama e o Secretário de Educação Duncan, antigos defensores das estratégias de testar e punir propostas pelas “reformas”, agora admitem que “há muito teste.”
Em todo o país, educadores, pais e alunos lançaram petições, organizaram manifestações em massa e realizaram fóruns públicos. Estudantes do ensino médio se recusaram a fazer exames excessivos e se retiraram deles. Professores exigiram (e ganharam) reformas nos testes e melhores condições de aprendizagem. Os administradores e os conselhos de escola eleitos adotaram fortes resoluções contra os testes de alto impacto. Todo esse crescimento foi construído sobre os sucessos dos reformadores da avaliação em anos anteriores.
Pais e professores que lançaram campanhas contra o exagero dos testes padronizados em suas escolas e bairros surgiram como líderes eficazes que continuam a construir um movimento mais forte. A grande mídia não ignora mais ou marginaliza as chamadas para “menos testes e mais aprendizagem” e para “o fim dos testes de alto impacto.” Em vez disso, o movimento da reforma da avaliação e as razões por trás disso são constantemente abordados em profundidade pelos principais jornais, televisão e rádios de costa a costa.
A opinião pública mostra uma mudança poderosa contra a dependência excessiva das políticas de testar-e-punir e em favor da reforma da avaliação com base em múltiplas medidas. Os formuladores de políticas da educação e os legisladores foram forçados a reconhecer, pelo menos publicamente, os danos de testes de alto impacto e a necessidade de uma correção de rumo.
Os gritos de “basta” foram altos o suficiente para penetrar no Salão Oval, o que levou o presidente Obama a reconhecer em outubro que os testes de alto impacto estão fora de controle nas escolas públicas dos EUA. Ativistas, no entanto, continuam a pressionar para garantir que a retórica vaga da capital do país seja seguida por mudanças concretas na política. A administração Obama se recusou a parar suas políticas de testar-e-punir, portanto, o Congresso deve agir. Ambas as casas aprovaram leis para acabar com a obrigatoriedade das avaliações dos professores com base em testes de alunos e com as punições escolares e distritais.
Enquanto isso, o movimento ganhou vitórias concretas em nível estadual e local. Estas incluem a revogação de exames de terminalidade em vários estados, a eliminação de muitos testes, a redução do tempo usado em testes, uma onda de colleges migrou para testes opcionais e para o desenvolvimento de sistemas de avaliação e prestação de contas alternativos. As vitórias do ano passado incluem:
– A acentuada reversão da tendência de décadas em adotar exames de terminalidade no ensino médio. Os formuladores de política revogaram o teste de graduação na Califórnia, enquanto o Texas afrouxou seus requisitos, juntando-se a seis estados que revogaram ou espaçaram mais estes exames no ano escolar de 2013-2014. Califórnia, Geórgia, Carolina do Sul e Arizona também decidiram conceder diplomas retroativamente a milhares de estudantes que tiveram seus títulos negados devido a resultados negativos em testes de terminalidade.
– A Flórida suspendeu a política de promoção baseada no teste de leitura na 3ª série criada por Jeb Bush. Oklahoma, New York e Carolina do Norte revisaram suas políticas de promoção com base em testes, e em Novo México os legisladores bloquearam o esforço do governador para impor uma.
– Estados e distritos que reverteram a obrigatoriedade de testes incluem Minnesota, Virgínia, Flórida, Colorado, Maryland, Dallas e Lee County, Flórida.
– O movimento de retirada dos alunos dos testes alcançou novos níveis em Nova York, New Jersey e em todo o país – chegando a 500.000 em nível nacional – chamando a atenção dos meios de comunicação e empurrando governadores e legisladores a agir.
– Uma série de pesquisas de opinião documentou o aumento do número de eleitores e pais que concordam que há muitos testes padronizados e que não devem ser usados para fins de políticas de alto impacto.
– O ano passado foi o melhor já registrado para o movimento de uso de testes opcionais em colleges, com mais três dúzias de colleges e universidades reduzindo ou eliminando como requisito o teste ACT/SAT [equivalente ao nosso ENEM], elevando o total para mais de 850.
– Na Califórnia, New Hampshire, e em outros lugares há esforços promissores para o desenvolvimento de sistemas alternativos de avaliação e prestação de contas, reduzindo a ênfase em testes padronizados, incorporando várias medidas de desempenho escolar.
O crescimento e as conquistas do movimento são tremendamente encorajadoras. Mas é muito cedo para declarar vitória e ir para casa. No ano letivo de 2015-2016 os ativistas vão usar as lições aprendidas a partir de suas batalhas iniciais para expandir ainda mais e fortalecer o movimento de resistência e garantir que os líderes políticos passem do discurso para a implementação de reformas significativas na avaliação.
O objetivo final do movimento vai além de propor a redução de testes, menos consequências fortes e melhores avaliações. Ele busca uma transformação democrática do ensino público a partir da mudança de um sistema movido pela agenda estreita de “testes-e-punições” para uma agenda que atenda às amplas necessidades e objetivos educacionais dos diversos estudantes e famílias.”

▪ O relatório completo está disponível aqui. O resumo executivo por ser encontrado aqui.

Sobre Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
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