Testes: novas formas de luta

Grande quantidade de pais americanos estão optando por impedirem seus filhos de serem objeto de testes de alto impacto nas escolas. A lei americana (opt out) permite que os pais determinem às escolas de seus filhos que não os incluam nos testes de larga escala. Em lugares como Colorado, Flórida, Nova Jersey e Nova York a retirada é significativa. O movimento é nacional.

O problema que isso acarreta é que a lei americana No Child Left Behind exige que cada escola inclua nos testes pelo menos 95 por cento de seus alunos, ou então o distrito ou estado poderia enfrentar sanções, implicando em perda de acesso a recursos federais. A exigência é extensiva proporcionalmente aos subgrupos de pobreza e raciais.

Alguns estados e escolas estão próximos de não atingir o limiar da exigência de 95% de presença devido ao movimento anti-teste “opt out”. O estado do Colorado já pediu ao governo federal que flexibilize a exigência, temendo não atingí-la.

Eis aí um movimento interessante. O primeiro passo, no Brasil, é garantir leis que permitam aos pais impedirem que seus filhos sejam envolvidos nos testes, sem retaliação por parte das escolas. Em seguida, é mobilizar os pais para que retirem seus filhos dos exames. Podemos comprometer o desenho da avaliação se conseguimos reduzir o número de alunos em cada turma que se dispõem a fazer o exame.

Os pais precisam ser envolvidos nesta luta e para isso, temos que mostrar a eles os efeitos nefastos que os testes de alto impacto acarretam a seus filhos.

Os únicos exames e testes válidos são aqueles planejados e aplicados pelos próprios professores para conhecerem o desempenho de seus alunos na sua classe.

Sobre Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
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3 respostas para Testes: novas formas de luta

  1. Remo Bastos disse:

    Mina de OURO, Prof. Luiz Carlos de Freitas. Obrigado por compartilhar.

  2. Pingback: TESTES: NOVAS FORMAS DE LUTA | Grupo de Estudos e Pesquisa em Avaliação e Organização do Trabalho Pedagógico

  3. Eu penso que, no Brasil, não há lei que obrigue os professores a participarem dos testes. No nosso caso, parece ser necessário apenas “articular” a não participação nas escolas (grupos de professores que não aceitem a aplicação dos testes). Os espaços em que esta não participação deliberada dos professores pode ter alguma reação contrária são nas redes que já aderiram à bonificação. O que também não impediria que amplos movimentos a derrubassem. Mas com este facismo que anda solto por aí, tudo reduzido ao individualismo e ao dinheiro, sei que uma reação básica acaba sendo bem mais difícil do que parece.

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