Brasil e USA apostam no desmonte dos sindicatos

Mais um golpe na resistência. A “nova” direita odeia organização sindical. Considera-a corporativista. Esquece-se de que a categoria dos empresários é super-corporativista e atua através de lobbies junto ao Congresso e outros órgãos decisórios, influenciando a elaboração e interpretação de leis. Para ela, há uma luta desigual entre “homens de bem”, os empresários, que tudo o que desejam é apenas dar mais emprego para os outros, e os “sindicatos corporativistas” que desejam destruir a atividade econômica e controlar o Estado para atender a seus interesses populistas.

A “nova” direita fará de tudo para dificultar a atuação dos sindicatos. Já vimos isso com Thatcher na Inglaterra nos anos 80. Acha que quando as maiorias se organizam para proteger seus direitos, isso é um desrespeito com as minorias ricas, o tal 1% que constitui o “deus mercado”. Para estas minorias, os trabalhadores organizados representam um perigo, pois como são maioria, podem influenciar o Congresso a tomar atitudes que penalizem as elites e influenciem o Congresso a proteger direitos dos trabalhadores. O 1% só aceita a democracia se for para ela atuar em seu próprio favor. Portanto, tudo que puder fazer para desorganizar a atividade sindical, será feito.

Entre estas medidas, a que está na agenda internacional é retirar a base financeira dos sindicatos de forma que não tenham recursos financeiros para defender os direitos dos trabalhadores. É isso que está ocorrendo agora nos Estados Unidos – com a decisão da Suprema Corte americana referendando que os trabalhadores cobertos por contratos sindicais do setor público não são obrigados a pagar taxas aos sindicatos.

“Por um voto (5 a 4), a Corte anulou as leis de 23 estados e do Distrito de Colúmbia que obrigavam aqueles que são cobertos por contratos sindicais do setor público a pagar taxas. Essas taxas cobrem o custo de negociar e fazer cumprir os contratos de trabalho. Ao fazê-lo, o Supremo Tribunal revogou decisão de 40 anos de um tribunal anterior que afirmava o direito dos sindicatos de receber o pagamento de todos os que eles representam.”

“É claro que esta foi uma decisão politicamente motivada, destinada a reduzir o poder e a voz dos sindicatos do setor público – incluindo todos os sindicatos que representam professores, enfermeiros, cuidadores, assistentes de instrução e administradores em escolas públicas”.

“Os sindicatos dão voz aos professores para defender mais financiamento para as escolas e melhores condições de trabalho. Isso proporciona grande benefício para os alunos.”

Leia aqui.

E é isso também que está acontecendo no Brasil agora, com o Supremo Tribunal Federal validando o não pagamento de taxas aos sindicatos, previsto na nova lei trabalhista.

Leia aqui.

Como se vê o Brasil está atualizadíssimo na colocação em prática da agenda da “nova” direita. Os sindicatos dos profissionais da educação certamente serão atingidos, em suas lutas, por estas medidas.

Sobre Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
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