Steve Nelson descreve a crise na profissão docente que os Estados Unidos enfrenta.
“À medida que nos aproximamos do retorno ao “normal” pré-pandêmico, toda a extensão dos danos está emergindo. Em meio aos destroços, os professores machucados e maltratados da América ainda estão relativamente em pé.
Tem sido enfurecedor observar o desprezo ou indiferença dirigida aos professores. Eles e os sindicatos de professores têm sido responsabilizados pelas escolas não abrirem ou pelos programas online de menor qualidade que substituíram o aprendizado real. Tudo isso aumenta as circunstâncias já sombrias sob as quais os professores têm perseverado por décadas.”
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O autor lista uma série de fatos que comprovam esta percepção: 21,4% dos professores ganham menos que seus pares com qualificação semelhante; houve queda real de 4,5% em dólares nos últimos 10 anos; 20% sobrevivem tendo que ter um segundo emprego; e gastam até 500 dólares por ano adquirindo suprimentos para apoiar a aprendizagem dos estudantes.
Os professores ainda têm uma jornada média de 12 a 16 horas por dia e uma pesquisa mostrou que 62% do magistério estava pensando em deixar a profissão. A pandemia agravou este quadro que vem sendo estabelecido desde os programas que instituíram “padrões e responsabilização” na era Bush.
No Brasil, com a mesma situação de pressão sobre os professores, não deveremos esperar nada muito diferente.
A solução de encarregar terceirizadas para formar professores, do tipo Ensina Brasil, também só repetirá o drama americano: os professores improvisados por estas agências abandonam as escolas depois de 2 anos, desanimados com a realidade das escolas.
E a solução de tornar o ensino híbrido com a adoção de plataformas on line de aprendizagem levará à desqualificação e desprofissionalização agravando mais ainda a crise do magistério.
Ainda há tempo para revertermos estas políticas e suas consequências.