Quebrando a mesmice II

Maria Alice Setubal é presidente do CENPEC e da Fundação Tide Setubal. Tem sido uma voz lúcida em meio a tentativas de colar soluções rápidas em problemas educacionais complexos construídos ao longo de décadas.

Há algum tempo, escrevi aqui (março de 2012) o post “Quebrando a mesmice”, comentando espaço que ela ocupou na Folha de São Paulo para manifestar-se uma crítica das políticas de bônus para professores. Hoje, ela volta a ocupar este espaço para alertar que “Não há bala de prata na educação!”. Corretíssima. O termo é correntemente também usado pelos educadores americanos críticos que vivem as consequências de políticas que há trinta anos tentam soluções milagrosas para os problemas educacionais daquele país, sem sucesso. Não há bala de prata. Diz a autora “a sociedade não pode acreditar em soluções mágicas que não envolvam todos os atores. Não existe “bala mágica” em educação.” E continua:

“Análises inconsequentes têm sido responsáveis por desqualificar um dos principais sujeitos do processo de aprendizagem, o professor. A condução do debate a partir da representação dos professores como vítimas ou algozes exemplifica o desconhecimento da constituição da carreira docente e as condições para o exercício de sua função. Omite da sociedade o debate em curso que tem gerado propostas para a qualificação do docente.”

Qual é o centro desta metáfora: não devemos isolar o professor (ou outro fator)  e culpabilizá-lo pois a educação é um fenômeno multivariado que necessita de soluções abrangentes e que levem em conta simultaneamente um conjunto de variáveis correlacionadas.

Mais uma vez, Maria Alice Setubal se destaca pela sua capacidade de entender o fenômeno da educação em sua especificidade.

Sobre Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
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4 respostas para Quebrando a mesmice II

  1. Muito bem!!! O Professor não pode estar isolado, responsável por todo o fracasso de um sistema que não tem interesse em priorizar a Educação. A sociedade precisa cobrar e valorizar, mas, sem um salário Dígno nenhuma mudança ocorrerá. Está na hora da sociedade, em todos os seus segmentos perceber e lutar para a qualidade do ensino nas Escolas Públicas.

  2. Pingback: NÃO HÁ BALA DE PRATA NA EDUCAÇÃO! | Grupo de Estudos e Pesquisa em Avaliação e Organização do Trabalho Pedagógico

  3. adinety disse:

    O dinheiro sozinho não é a solução para os problemas educacionais, é preciso colaboração e qualificação. A escola acolhe qualquer pessoa que por não ter coragem ou mesmo capacidade para seguir outra carreira, resolve ser professor. Atualmente, percebemos campanhas para convencer pessoas a ser professor. o público que está sendo atraído para a docência é insatisfeito e desacreditado da educação, simplesmente pensam ser a opção mais fácil para ganhar dinheiro. Se o dinheiro fosse a garantia de qualidade no trabalho, não teríamos tantos médicos, com a conta bancária rica, esquecendo objetos dentro de pacientes ou outros erros absurdos. Professor, preciso de um bom salário, porém, precisa ainda mais de qualificação e apoio do governo, precisa se sentir parte de algo importante e essencial para o país.

  4. Pingback: Não há bala de prata na educação! - Cenpec

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